Neste blog postarei pensamentos, visões, percepções sobre a cosmovisão cristã, pela qual eu interpreto a relação de Deus com o cosmo e com a humanidade. Caso este não seja o tema de seu interesse, você pode acessar o outro blog no qual trato questões sobre a Educação (www.nidiaeducacao.blogspot.com).

domingo, 11 de dezembro de 2011

EDUCAÇÃO E CRISTIANISMO NA PÓS-MODERNIDADE

Profa. Dra. Nídia Limeira de Sá

No decorrer da História, os princípios divinos têm sido negados e o Homem tem caminhado por caminhos que ele mesmo vai construindo, geralmente desinteressado de Deus e de Seus propósitos. A impressão que temos é que existem forças orquestradas para que tudo o que vem de Deus seja rejeitado, seja ridicularizado.
O que mais encontramos na sociedade é a negação dos princípios divinos. No entanto, pela revelação que há na Bíblia, podemos perceber que Deus sempre trabalhou para desenvolver sua proposta de restauração. Deus tem planos para cada pessoa, para cada situação, para cada povo, para cada nação.
Precisamos de mudanças na dimensão política porque precisamos mudar o referencial meramente humanista da Educação brasileira.




Inúmeras ações são direcionadas para que as escolas transmitam a compreensão de que o homem é o referencial absoluto e que tudo tem que partir dele e para ele. Não se fala na existência de Deus, pois esta noção, segundo os humanistas, é característica da Idade Média (que verdadeiramente tanta opressão trouxe ao mundo quando o poder da Igreja Católica se misturou ao poder do Estado).
No Ensino Fundamental a base do ataque às idéias de que existe um Deus se dá pelo ensino da evolução darwiniana como verdade absoluta e comprovada (sendo que esta cientificamente nunca foi comprovada). Não se fala no Criacionismo como uma opção teórica e científica tão legítima como a evolucionista.
Sabe-se que o Ensino Médio e o Ensino Superior, em geral, partem de um referencial teórico marxista, que se sustenta em visões ateístas e materialistas, colocando o foco das explicações sobre o homem e sua existência apenas nos determinantes materiais, sociais e históricos. Já na pós-graduação (Mestrado e Doutorado), o que vem se destacando são as visões pós-modernas que negam tudo, inclusive, algumas negam até o materialismo histórico-dialético - que tão fortemente influenciou este nível de ensino.
Inúmeros intelectuais altamente inteligentes, capacitados, líderes comunitários e de grupos de pesquisa científica, em todas as áreas, estão se dirigindo para estas duas áreas: a Educação e a Política, pela clareza de que as mudanças sociais mais efetivas são feitas por meio destas áreas.
Aos cristãos não é difícil perceber que as escolas têm sido um espaço profícuo para a difusão de idéias completamente contrárias aos ensinos do Cristianismo. Os teóricos escolhidos para serem os mais divulgados e debatidos são aqueles que não têm qualquer compromisso com a idéia da existência de um Criador.
No entanto, este é um tempo propício para mudanças. A sociedade atual atravessa transformações que ocorrem numa velocidade espantosa. Diante de tantas mudanças que agridem o equilíbrio emocional, as pessoas tendem a questionar e a ressignificar o sentido da vida. Surgem novas formas de pensar, e isto faz, também, com que as pessoas estejam mais dispostas a ouvir.
Nossa sociedade, ainda neste início do século XXI, está saindo de uma época denominada “Modernidade” e entrando numa nova fase: a “Pós-Modernidade”[1]. Em verdade, algumas regiões já vivem plenamente a Pós-Modernidade enquanto outras ainda nem entraram na Modernidade (caracterizada que é pela ênfase no conhecimento científico). A chamada “Pós-Modernidade” é bastante confusa. É um novo tempo de dúvidas, de incertezas e de rebeldias. É um momento histórico de questionamento e de insatisfação, agravado pelo desencantamento com as propostas de progresso que caracterizaram “Modernidade”.
O homem moderno foi/é um homem que buscava/busca ser autônomo, que tenta começar em si mesmo e chegar a si próprio pelo uso da Razão. Dizem que foi no final do século XX que a Modernidade começou a dar sinais de esgotamento, porque suscitava esperanças de um futuro melhor (conseguido por meio da evolução do conhecimento científico), mas, que conseguiu apenas “avanços”, tecnologias e privilégios para uns, mantendo a maioria na pobreza e no desconhecimento. Dizem que o fim da Modernidade se caracteriza por uma crise decorrente do desencantamento com as utopias. Assim, os estudiosos resolveram marcar um novo tempo: a Pós-Modernidade - a qual surge quando a humanidade se dá conta de que as crenças do passado se esvaíram. Na Pós-Modernidade não há mais fé na ciência, nem nos líderes políticos ou religiosos. O que permanece é a desilusão.
Na Modernidade, o tribunal da Razão era aquele ao qual todo o conhecimento era submetido, já nas visões pós-modernistas entende-se que todo conhecimento deve ser submetido ao tribunal histórico do homem no mundo. A Modernidade demoliu a cosmovisão religiosa, trazendo a secularização e tentando afastar, de vez, religião e estado. Atualmente a Pós-Modernidade tenta demolir todas as bases e desconstruir todos os discursos, inclusive as bases da crença na Razão. Assim, todas as posições são válidas, desde que esteja satisfazendo ao sujeito que lhe atribui sentido. Logo, segundo esta perspectiva, vale a poligamia, vale o hossexualismo, vale o aborto, vale o uso de drogas... vale tudo porque não há nenhum referencial – muito menos um referencial absoluto.
Um dos mais fortes objetivos das teorias modernas era conscientizar os oprimidos sobre as estruturas que os dominavam. Esta visão gerava/gera muita ira, frustração e baixa auto-estima entre as pessoas que não faziam parte de grupos privilegiados economicamente. Nas idéias de influência pós-modernista, entende-se que “conscientizador e conscientizado”, “dominador e dominado”, são produtos de múltiplas determinações, ou seja, procura-se ampliar o foco, buscando reconhecer como operam as relações de dominação de raça, de gênero, de sexualidade, de línguas – e não apenas as relações econômicas.
Nas interpretações atuais, o motor fundamental para se entender a sociedade não é a classe, nem a economia, mas é a luta por poderes e por saberes. Antes a ênfase estava na pretensão de mudar o mundo e mudar o homem, hoje a pretensão dirige-se para as tentativas de desvelamento das relações de poder e para a desconstrução e a desautorização de todos os discursos que configuram a sociedade.
Os pós-modernos acusam que a visão moderna traçava o perfil de todas as suas análises na base de dualismos e oposições binárias (bem e mal, certo e errado, sacro e profano, por exemplo), então, negando as dualidades, os pós-modernistas dizem que o que existe é uma multiplicidade de significados construída por múltiplos discursos e por inúmeras visões. Dizem que as oposições binárias geraram grandes narrativas opressivas comprometidas com certas posições que precisam ser apagadas: (a judaico-cristã, a européia, a masculina, a branca, a patriarcal, etc.). Assim, não consideram qualquer discurso, ou idéia, como “correto” ou “verdadeiro”. Segundo esta perspectiva, todos os discursos são parciais (inclusive os religiosos). A pós-modernidade defende que não existe qualquer referente real (como Deus, por exemplo). Entendem que, caso “existisse” qualquer referencial, os demais discursos seriam desautorizados e isto traria a visão de um pensamento ou visão superiores.
Logo, pode-se verificar que facilmente se espalha uma visão negativa quanto a tudo o que vem do Cristianismo, pois que entendem – equivocadamente - que a sociedade está como está por causa da noção de pecado trazida pela tradição judaico-cristã.
Os estudos pós-modernos não acreditam na possibilidade de uma verdade única e total; acreditam que a verdade é subjetiva, é contextualizada a partir das inúmeras posições que os sujeitos assumem na vida. Na Modernidade buscava-se a verdade escondida nos fenômenos; na Pós-Modernidade propõe-se a denúncia do poder que se “esconde” nos discursos (como o poder do discurso bíblico, por exemplo).
O sujeito moderno, crendo na força da razão, acreditou ser autônomo e independente. Já o sujeito no pós-modernismo se vê e se aceita como contraditório, com múltiplas identidades e não tendo compromisso com nada, a não ser com a ética. Segundo a perspectiva pós-moderna, todo conhecimento é mero discurso, logo, todos os conhecimentos são igualmente válidos, e, ao mesmo tempo, não válidos. Antes o desejo de conhecimento era o desejo de libertação, hoje o desejo de conhecimento é o desejo de poder. Assim como denuncia o poder que se esconde nos discursos, nas ideologias e nas ações, a pós-modernidade deseja o poder pela compreensão de que, em termos humanos, não existe o não-poder, pois que toda relação humana envolve alguma dose de poder, de convencimento.
Com base nesta síntese, pode-se verificar que as ideias que circulam na intencionalidade de diversas políticas públicas, bem como nos trabalhos educacionais e na dimensão política da nossa sociedade, são as mesmas. Se, por um lado, se abrem grandes possibilidades para fazermos as pessoas refletirem sobre o Cristianismo como uma opção maravilhosa, que gera prazer e conforto para seus seguidores, a quem é dirigido o perdão incondicional e a vida eterna, por outro lado, pode-se perceber a enormidade de inimigos teóricos que já se apresentaram e outros que ainda não se apresentaram.
Se não mudarmos a Educação, as idéias que circulam na formação das próximas gerações pararão o avanço da cristianização da sociedade. Se não assumirmos posições políticas, opositores de tudo o que se chama “Deus” tomarão os postos de comando da nação. Se não nos organizarmos, se não estudarmos, facilmente seremos engolidos por idéias rebuscadas, com mistura de mentiras em doses de verdades.

[1] As comparações entre as visões da modernidade e da Pós-Modernidade foram extraídas do livro: SÁ, Nidia Limeira. Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Edições Paulinas, 2006.